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Introdução
Embora virtualmente todas as funções e tarefas do Windows possam ser realizadas no Mageia, diferenças importantes existem entre os dois sistemas. A maioria dessas diferenças está "nos bastidores", mas outras merecem atenção. Compreender essas distinções ajudará você a se acostumar com o Mageia e a reconhecer as diferenças fundamentais nas abordagens desses sistemas operacionais.
Usuários de computador estão, em sua maioria, acostumados ao "jeito Windows" de operar sistemas. Eles geralmente veem os sistemas operacionais como um grande programa pré-instalado que permite iniciar o computador, acessar a internet e instalar outros programas. No Mageia, muitas coisas diferem dessa imagem: algumas são radicalmente diferentes, outras quase iguais. Mas o ponto mais importante a lembrar em qualquer momento é que o Mageia NÃO é o Windows. Na verdade, alguns novos usuários se sentem desmotivados porque esperam que o sistema funcione exatamente como seu sistema operacional anterior. No entanto, muitas das funcionalidades poderosas do Mageia residem precisamente nessas diferenças.
Este artigo procura destacar as principais distinções e apresentá-las como parte integrante do sistema operacional Mageia. Novos usuários devem aprender essas diferenças para aproveitar ao máximo o Mageia.
Licenciamento
Código aberto vs. código fechado
A principal diferença entre o Mageia e os sistemas Windows® está no código-fonte (o código de programação original). Enquanto no Mageia o código-fonte está aberto para qualquer pessoa visualizar (por exemplo, os pacotes kernel-source contêm o código do kernel), os sistemas Windows® possuem um código-fonte fechado, o que significa que ninguém (exceto a Microsoft) pode editá-lo, estudá-lo ou mesmo saber como ele funciona. A herança do código aberto no Mageia garante que os usuários, e não corporações, permaneçam no controle do sistema. Isso também implica uma cultura de desenvolvimento de software muito diferente daquela à qual os usuários do Windows estão acostumados. Novos usuários são incentivados a aprender e, eventualmente, contribuir de alguma forma para manter e melhorar o ecossistema de software de código aberto (OSS). Essa diferença será explicada na próxima seção.
Software comunitário vs. software proprietário
Como o código de programação original do Mageia é "GPL livre", suas melhorias vêm de qualquer lugar do mundo por meio de desenvolvedores colaboradores, que, em grupo, formam uma comunidade. As contribuições de código desses desenvolvedores constituem a maior parte do Mageia, que é revisado e otimizado pela comunidade Mageia para fornecer um software seguro, estável e poderoso — incluindo atualizações, correções, patches de segurança, entre outros. O Mageia também adiciona muitos programas próprios para aprimorar a experiência de uso de sua distribuição Linux: por exemplo, o Mageia 2 inclui sua própria ferramenta de configuração, o Centro de Controle do Mageia, o cliente Mageia Sphere, e muitas outras aplicações Mageia, todas oferecendo um controle muito mais amplo do sistema ao usuário. Esse sistema de inovação colaborativa constante por contribuintes independentes de todo o mundo é chamado de modelo de desenvolvimento de código aberto, que garante uma tecnologia de software rápida e estável tanto para o Mageia quanto para a comunidade Linux em geral.
O conceito de comunidade, no entanto, também pode incluir o extenso grupo de usuários que se beneficiam da distribuição e contribuem para ela por meio de seu uso e feedback. Esse feedback pode assumir várias formas, como opiniões sobre o sistema operacional como um todo, solicitações de recursos e/ou relatórios de bugs. A liberdade do Mageia garante que desenvolvedores e usuários cooperem na evolução da distribuição, enquanto o modelo de desenvolvimento de código aberto promove benefícios coletivos a partir da cooperação entre usuários finais e desenvolvedores. Em resumo, participar ativamente do Mageia significa mais melhorias e mudanças mais orientadas para os usuários para todos.
Estrutura do sistema operacional
Instalação
Atualmente, a maioria das empresas não envia computadores com Linux pré-instalado. Portanto, um usuário interessado no Mageia terá primeiro que passar por um processo de instalação. Isso pode parecer intimidante para usuários comuns, que geralmente esperam que o sistema operacional já esteja "pronto para uso" em seus computadores. Felizmente, graças à extraordinária compatibilidade de hardware do Linux e ao instalador simplificado e amigável do Mageia, esse processo foi desenvolvido para ser o mais indolor e eficiente possível.
O usuário também deve entender que fabricantes e varejistas não costumam oferecer suporte especializado para sistemas operacionais que não sejam os originais: assim, o nível de integração de software não será "pronto para uso" completo com o Mageia, já que a comunidade não pode fornecer o suporte especializado para uma configuração de hardware específica como o fabricante original faz. Uma boa notícia, entretanto: isso geralmente afeta apenas hardware extremamente novo ou raro, de modo que um computador "comum" deve oferecer uma experiência completa "pronta para uso". No entanto, os usuários precisam estar cientes disso caso contrário.
Estrutura do sistema operacional
A abordagem "UNIX" para programação se diferencia radicalmente do ecossistema original do Windows. Em vez de criar um único programa com funcionalidades e requisitos enormes, as aplicações UNIX são desenvolvidas como uma cadeia de vários programas pequenos e orientados para tarefas específicas, conectados por fluxos de dados internos inerentes ao sistema operacional<ref>B. W. Kernighan e Rob Pike, The UNIX Programming Environment, Prentice-Hall (1984).</ref>.
Fiel às suas raízes UNIX, o Mageia Linux também não é um "programa" no sentido de uma única aplicação grande que "faz tudo": ele se assemelha mais a uma árvore composta por ferramentas de software altamente especializadas, otimizadas pela comunidade de desenvolvedores para serem instaladas e integradas de forma fluida. No seu núcleo, o sistema operacional Mageia é, portanto, uma rede muito complexa de softwares, com uma grande quantidade de funcionalidades sendo constantemente adicionadas, removidas e revisadas. Alguns conceitos importantes decorrentes dessa abordagem serão agora explorados.
Dependências
As dependências são programas secundários acionados para executar uma tarefa especializada dentro de outra aplicação. O UNIX fundamenta suas dependências no conceito de compartilhamento, ou seja, tornar as diferentes dependências disponíveis como um "pool coletivo" ao qual todos os aplicativos podem se conectar. Por exemplo, em um reprodutor de mídia Linux, os programas de decodificação (codecs) são separados do reprodutor principal e agrupados na "base de dependências" do sistema operacional. Embora o lado negativo seja a necessidade de codecs separados para reproduzir os arquivos, o lado positivo é que qualquer outro reprodutor de mídia pode usar os mesmos codecs sem ocupar mais espaço com outra cópia. Dependências compartilhadas, portanto, otimizam a alocação de recursos e garantem o funcionamento de programas em vários níveis, evitando "reinventar a roda" em cada aplicação.
Versões
O compartilhamento de dependências não é estático. À medida que os programas evoluem, as dependências nas quais foram construídos também mudam — adicionando funcionalidades, correções de bugs ou até sendo completamente reescritas. Devido ao conceito de compartilhamento de dependências, as aplicações no estilo UNIX são altamente dependentes de versões: uma aplicação construída com uma dependência específica pode não funcionar com versões mais antigas ou mais recentes<ref>[[1]]</ref>.
Essa natureza dinâmica apresenta vantagens e desvantagens. Uma vantagem é que ela garante que novos recursos, patches ou correções incluídos em uma aplicação específica estejam disponíveis para todas as aplicações que dependem dela, proporcionando um gerenciamento de software muito estável e atualizado. Uma desvantagem é que instalar aplicativos de versões mais antigas do Mageia ou de outras distribuições tem poucas chances de sucesso, já que suas dependências variam em versão e tipo.
Como parte do funcionamento interno do Mageia Linux, a comunidade de desenvolvedores deve organizar, corrigir e configurar dependências de forma a garantir o gerenciamento adequado de versões; no entanto, o usuário também é responsável por instalar e remover software a partir das mídias oficialmente suportadas do Mageia. OUTROS MÉTODOS DE INSTALAÇÃO SÃO FEITOS POR SUA CONTA E RISCO.
Padrão de hierarquia do sistema de arquivos
Uma característica inerente ao Mageia Linux, que pode não ser muito amigável para iniciantes, é o uso de um rígido padrão de sistema de arquivos para organizar as aplicações. O Windows possui um sistema de arquivos parcialmente "flexível"; com exceção de alguns diretórios principais, uma aplicação tem (basicamente) controle total sobre onde e como alocar seus arquivos. O Mageia Linux, ao contrário, exige que os programas instalem seus arquivos em diretórios específicos e estabelecidos, dependendo do tipo de arquivo. Isso garante que tanto desenvolvedores quanto usuários possam encontrar um componente específico no mesmo subdiretório, independentemente do computador que estão usando, além de facilitar o compartilhamento de dependências entre aplicativos: como os locais não podem ser alterados, é possível vincular com segurança ao caminho da dependência sem comprometer o funcionamento de um programa.
Um ramo separado, /opt, permite a instalação de aplicativos autônomos (no estilo Windows), possibilitando assim a liberdade de construir aplicações em ambos os contextos. Para mais informações sobre as especificações de cada diretório, consulte o arquivo de especificações referenciadas do FHS.
Embora essa especificação governe a estrutura básica das distribuições Linux, existem variações no uso do padrão de sistema de arquivos entre distribuições. Ou seja, os componentes no Mageia não estão necessariamente nos mesmos lugares que em outras distribuições. Por isso, o Mageia como um todo recomenda evitar instalar software empacotado para outras distribuições. Consulte Instalando e removendo software para mais informações.
Administração de software
Neste ponto, você pode estar se sentindo sobrecarregado pela complexidade interna do Mageia Linux. Só de pensar em mais de mil programas operando em conjunto para permitir que você use seu computador — sem mencionar que cada programa possui sua própria documentação, evolução, instruções, comandos e configurações — é provável que você fique preocupado. Talvez até esteja com medo de não conseguir utilizá-lo de forma alguma! Como podemos gerenciar essa "árvore de software", com toda essa complexidade, e ainda assim aproveitar o sistema? Não entre em pânico.
A resposta está em uma parte muito importante do sistema operacional Mageia Linux: o Gerenciamento de Pacotes. O Gerenciamento de Pacotes é o que permite ao Mageia Linux orquestrar todos esses programas de forma contínua e sem complicações, tornando a instalação e a remoção de software uma experiência agradável. Compreender este recurso é essencial para ter uma experiência simples, prática e sem preocupações com o Mageia, permitindo que você use seu computador com uma interface de apontar e clicar.
"Pacotes" vs. "programas"
A maioria dos programas de código aberto é originalmente distribuída em "código-fonte" — código de programação bruto, sem nenhuma tradução para a linguagem de computador. Os computadores não conseguem interpretar código-fonte de forma natural, sendo necessário traduzi-lo para a linguagem de computador (código binário) para que possa ser instalado e executado. Antes dos pacotes, os usuários precisavam configurar as opções de instalação de cada programa, compilar (traduzir) o(s) programa(s) em seus computadores e, então, instalar. Essa tarefa tediosa era agravada pelo conceito de compartilhamento de dependências, já que era necessário compilar e instalar todas as dependências antes mesmo de começar o processo de instalação do programa desejado. Em cada etapa, havia também o risco de algo dar errado, o que demandava muito tempo na resolução de problemas. Isso tornava o gerenciamento de aplicativos um ciclo muito complexo, cansativo e frustrante em um sistema UNIX comum.
O gerenciamento de pacotes surgiu como uma solução altamente eficiente para esse problema, "digerindo" o processo de instalação de forma acessível para usuários e desenvolvedores. Ele automatiza o download, a instalação e a configuração de software por meio de um conjunto distinto de programas. Os mais visíveis para os usuários são: um programa para baixar o software, um programa para verificar a autenticidade do software baixado, um programa de instalação/atualização (urpmi no Mageia) e uma interface amigável para que usuários comuns possam gerenciar o software corretamente. Do ponto de vista do usuário, isso torna a instalação uma questão de clicar no software desejado. Internamente, o gerenciamento de pacotes permite o compartilhamento de dependências, estabelece um formato comum para instalação e automatiza muitas tarefas anteriormente complicadas no desenvolvimento.
Duas etapas importantes no processo de instalação, compilação e configuração, foram intencionalmente omitidas: isso ocorre porque não há necessidade de compilar ou configurar opções de instalação com o Gerenciamento de Pacotes. A comunidade Mageia assume a responsabilidade pela compilação e configuração, distribuindo o software em formato "pré-digerido" (binário) por meio de repositórios de software<ref>Veja Instalando e Removendo Software para uma explicação mais detalhada.</ref>. Ao distribuir software pré-compilado, o Mageia garante que: a) os pacotes seguem diretrizes importantes de software e b) os pacotes estão corretamente configurados para a maioria dos usos em desktops. Isso resulta em menos problemas para os usuários, muito menos "inferno de dependências" e altos níveis de segurança contra vírus/malware.
O formato de empacotamento usado no Mageia vem da ferramenta básica de empacotamento, rpm. Arquivos com extensão .rpm são análogos aos arquivos .exe no Windows, pois contêm código executável para instalar a si mesmos.
Ajuda e suporte
Ajuda e suporte do Mageia
Para uma avaliação completa sobre ajuda e suporte, veja Como pedir ajuda.
Como uma associação, o Mageia não oferece serviços de suporte diretamente. Como a maior parte do Mageia provém de software libre (livre), grande parte da ajuda disponível é encontrada em fóruns da comunidade, canais de IRC e listas de discussão. Esses recursos estão facilmente acessíveis no site oficial do Mageia Bem-vindo ao Mageia.
Ajuda e suporte para ambientes de desktop
Um ambiente de desktop é um conjunto de aplicativos que compõem o aspecto gráfico de um computador: ele inclui o desktop, ferramentas básicas de periféricos, uma ferramenta de gerenciamento de arquivos e (no Linux) algum tipo de ferramenta de gerenciamento de pacotes. Cada ambiente de desktop tem sua própria comunidade, sendo, portanto, uma fonte valiosa de ajuda para questões específicas sobre seus aplicativos. Certifique-se de verificar seus fóruns e outros recursos de suporte para obter ajuda detalhada sobre seus componentes.
Se você instalou o Mageia com as configurações padrão, provavelmente tem o ambiente de desktop Plasma ou Gnome. Ambos possuem um Centro de Ajuda, onde informações gerais sobre aplicativos instalados podem ser encontradas. No Plasma, isso pode ser acessado na seção Favoritos, ou clicando em executar comando... e digitando ajuda na caixa que aparece. No Gnome, você pode encontrar ajuda clicando em ajuda no gerenciador de arquivos ou pressionando Alt+F2 e digitando ajuda na caixa que aparece.